Buichiro Fujiye

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Prato de sushi
Prato de sushi

BUICHIRO E HISAKO FUJIYE

Buichiro Fujiye, nasceu em 13 de julho de 1922, em Hokkaido, no Japão, e veio ao Brasil quando tinha oito anos, acompanhando os pais, Dekita Fujiye e Hama, os irmãos, Shumanoske, Kimpei, Kinjuro, Monzaemon, além da irmã Tsuruno. Duas de suas irmãs, já casadas, Koman Osanai e Toshi Takagishi, ficaram no Japão. Ele sempre foi muito dedicado, trabalhador, íntegro e transparente em suas ações e atitudes. Chegaram ao Brasil pelo porto de Santos, no dia 10 de dezembro de 1930, a bordo do navio Santos Maru, mas, logo, foram enviados ao Estado do Pará, a Tomé Açu, onde permaneceram por alguns anos trabalhando na extração de madeira e sofrendo muito com a malária. O irmão Kimpei acabou falecendo lá. O pai sofreu muito nessa região. As famílias de imigrantes até tiveram o apoio de padres da região e de um advogado, dr. Álvaro Adolpho, com o qual Buichiro aprendeu a lidar com as leis brasileiras. Como o pai não falava português, acabou servindo de intérprete, mesmo não compreendendo muito bem a fala do advogado, e cujas leis brasileiras considerava muito diferentes da japonesa. Os costumes daquela região também eram diferentes, bem como o clima. Para começar, vieram de Hokkaido, onde o frio era muito intenso. Por isso Buichiro gostava muito de se recordar dos tempos em que esquiava quando criança. Além do que, tudo lá era muito mais bonito. Após o falecimento de Kimpei, a família resolveu mudar-se para São Paulo, no município de São Bernardo do Campo, no bairro de Mizuhô. Depois foram para o interior do estado, no município de Tapiraí, onde o pai havia comprado terras. Mas, no Pará, ele chegou a estudar até a terceira série e concluindo a quarta, em São Paulo, na escola estadual João Kopke. As dificuldades de aprendizagem com a nova língua eram muito grandes, mas com dedicação e ajuda dos professores conseguiu aprender o idioma. Buichiro trabalhou a maior parte de sua vida como motorista de caminhão, sofrendo muitas dificuldades na época da 2ª Guerra Mundial, quando os combustíveis eram vendidos para brasileiros. Casou-se, aos 26 anos, com Hisako, após vários pedidos frustrados ao pai que, muito rigoroso, mesmo conhecendo a família, não concordou de imediato. Devido à demora da resposta, acabaram por se casar depois do falecimento da mãe. Buichiro costumava contar aos filhos que conheceu Hisako antes de seu irmão Monzaemon se casar com Masa, irmã dela, e por isso, não se casaram, como a maioria, pela forma tradicional do “Omiai”. Em 1940, quando a viu pela primeira vez, num Registro de Estrangeiros, pensou que ela fosse casada porque estava com um bebê no colo. Mais tarde descobriu que era solteira e que o bebê era a outra irmã. Hisako, mãe e irmã tinham ido para fazer algum registro, mas como não falavam a língua portuguesa, acabaram precisando da ajuda dele, que estava no local. Hisako nasceu em 1925, em Shizuoka, no Japão, filha de pescador e de dona de casa, da família Sekiguchi. Como emigrou ao Brasil deixando muitos amigos no Japão, assim como a maioria dos imigrantes da época, partiu de lá com o espírito dekassegui, de fazer o pé-de-meia e, depois, retornar. Ela chegou ao Porto de Santos em 22/09/1934, a bordo do navio Hawai Maru, com os pais Takejiro Sekiguchi e Hide, irmãs Masa e Kazuko e irmãos Michio e Tamio. No início, foram às fazendas do interior de São Paulo, trabalhando nas lavouras de café, algodão e tomate. Passaram pelas cidades de Promissão, Cafelândia, Marília, até se fixarem em Água Doce, Juquiazinho, onde o pai comprou terras para ter sua própria lavoura, com os filhos já crescidos, na década de 40. Buichiro e Hisako tiveram cinco filhos: Kazutora(1950), Tadahiro(1952), Hidenobu (1953-1983), Tizuru (1956) e Tieko (1962). Os mais velhos nasceram em Tapiraí, enquanto Tizuru e Tieko na Capital. Quando vieram do interior, acharam a cidade de São Paulo, linda, com as luzes nas ruas e casas. Nessa época, Hisako costurava para ajudar o marido. Ela gostava muito de bordar, fazer tricô, crochê, assim como fazia quadros com dobraduras de panos bordados que aprendeu nos Cursos itinerantes que as senhoras faziam no interior de São Paulo. Aprendeu a costurar como a maioria das moças de sua época. Fazia pratos deliciosos, “bem diferente da sogra Hama”, dizia o marido, que veio ao Brasil, sem saber cozinhar e nem costurar, porque, no Japão, antes da crise financeira atingir a família dela tinha muitos empregados. E Hisako adorava também flores, cujas orquídeas a filha Tieko cultiva-as até hoje. Também gostava muito de conversar, conhecer pessoas diferentes, lugares, e estava sempre com a casa cheia de amigos e parentes. Foi sempre muito firme, com muita alegria de viver e mostrando o seu semblante triste apenas nos falecimentos dos pais e do filho Hidenobu. Eles tiveram também 8 netos e uma bisneta Bianca. Buichiro, em sua profissão, como motorista, conseguiu auxiliar muitas famílias no interior de São Paulo, na cidade de Tapiraí, fazendo-lhes compras, levando materiais de consumo da capital, na década de 40, bem como transporte de mudanças. O seu perfil era o de uma pessoa quieta, de confiança e muito ponderado. Com o passar do tempo, passou a gostar muito de conversar, principalmente com os jovens, contando as suas histórias e experiências de vida. Sempre gostou muito da família, mas, principalmente da irmã Tsuruno, porque conforme contava, quando criança, no Japão, quando uma tia veio em sua casa buscá-lo para que fosse adotado como neto dela, sua irmã levou-o para longe a fim de que ela desistisse da idéia. Ele dizia que seguir alguma religião deveria ficar a critério de cada um e que o tamanho da fé não era importante, mas, sim, as próprias ações no cotidiano, que “nos levam ao paraíso ou ao inferno”; que todos têm uma energia vital e que "Deus" é a soma de todas essas energias, com cada um tendo o direito de escolher. Por isso precisam um do outro, a fim de alcançarem a verdadeira paz interior. Mesmo assim, não deixava de ir a um templo para orar aos antepassados, conforme manda a tradição japonesa, sendo que na semana de seu falecimento foi a um, conversou, agradeceu a todos e disse-lhes que estava pronto para morrer. Até se aposentar, em 1971, sempre esteve muito atento aos estudos dos filhos, incentivando-os a prosseguirem sempre, porque, para ele, “conhecimento que se adquire ninguém se apropria” e “porque na vida tudo passa, menos a aprendizagem conquistada”. Ele foi muito útil à educação da filha Tieko (hoje, diretora da EE Profª Anna Pontes de Toledo Natali), por exemplo, principalmente nas lições de geografia, porque conhecia o nome de todas as capitais do mundo e a sua localização, sem consultar algum atlas ou globo terrestre. Isso, mesmo tendo estudado somente até a quarta série do Ensino Fundamental. Ele trouxe na bagagem quando veio do Japão, algo parecido com um mapa, com o qual brincava com os filhos, percorrendo caminhos através de dados lançados. Nas comemorações da imigração japonesa costumava levar os filhos e sobrinhos aos eventos afins e até chegar à idade dos 80 anos, sempre falava que gostaria de viver até essa idade. Mas ao completá-la, passou a afirmar que talvez lhe fosse possível viver até os 90, esperançoso em poder participar das comemorações do centenário da imigração japonesa no Brasil. Buichiro costumava dizer que se considerava mais brasileiro do que japonês, porque vivera muito mais tempo aqui, onde trabalhou muito e a sua família foi formada aqui. Já Hisako pouco falava a língua portuguesa, e acostumada mais com a tradição japonesa, vivia longe de adaptar-se a alguns aspectos da cultura brasileira que não dominava e da qual até reclamava.

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