Fukutaro Kato
De Nikkeypedia
Fukutaro Kato
Fukutaro Kato nasceu no dia 21 de dezembro em Tókyo, Japão e formou-se Bacharel na área de Ciências Contábeis da Universidade de Tókyo, distinguiu-se desde cedo nos estudos do soroban. Com apenas 17 anos ministrou aulas na Escola Teisei Kooto, na capital japonesa, na qual mais tarde tornou-se catedrático e se dedicou a ministrar aulas de Ciências Contábeis e Soroban até a sua decisão de vir para o Brasil em 1956, com 23 anos de idade.
Possuidor de experiência na educação de Shuzan, arte de manejar o soroban, tão logo chegou, começou a orientar o estudo do soroban nas cooperativas agrícolas de raízes nipônicas. E em seguida estabeleceu a primeira sala de aula para o ensino do ábaco no
Brasil, no bairro da Liberdade, então reduto dos japoneses, denominado Curso São Paulo de Soroban.
Em 1958, para incentivar seus alunos e admiradores promoveu juntamente com a comemoração do 50º aniversário da Imigração Japonesa o 1º Concurso de Soroban, que vem se repetindo até os tempos atuais.
1º Concurso de Soroban no Brasil – 1958 (Homenagem aos 50 anos da Imigração Japonesa, realizado no auditório do Jornal Paulista)
Com o sucesso da primeira empreitada fez se necessário a criação de uma associação, formado pelos alunos e, orientado por ele, nascia a Associação Cultural de Shuzan do Brasil, que já em 1960 participou ativamente para a realização do 2º Campeonato de Soroban. Com seu objetivo alcançado ganha em 1966 a sua independência, tornando-se um órgão oficial pronto para divulgar amplamente o Shuzan.
Em 1961, professor Kato contraiu matrimônio com a nissei e professora, Thereza Toshiko, que formando um entusiasta casal, com desejos abundantes de ensinar, acrescido de uma orientação precisa, foi consolidando ano a ano o ensino do soroban, atingindo largamente até os agrupamentos de japoneses do interior.
Em sua campanha de difusão, o professor incentivou a realização de vários campeonatos. Vários eventos com intercâmbio de campeões japoneses e brasileiros. Recrutou professores do Japão para engrossar o quadro docente do Brasil. Realizou divulgação nos vários meios de comunicação. Participou de projetos junto ao Ministério da Educação e à Secretaria de Educação de São Paulo. E ainda foi prestigiado pela Fundação Bradesco, do Banco Brasileiro de Descontos, que contrata vários professores com o intuito de transmitir aos alunos de diversas localidades do Brasil o aprendizado sobre o soroban, assim como aos funcionários do Banco América do Sul, as já citadas cooperativas e diversos pequenos núcleos particulares. Com isso o professor Kato iniciou a realização de cursos de orientação para professores de matemática nas escolas estaduais, municipais e da Fundação Bradesco.
Hoje, muitos educadores que buscam alternativas para tornar não só as aulas de matemática mais atraentes, mas também procuram recursos pedagógicos para o desenvolvimento mental de seus alunos e reconhecem esses valores no soroban têm inserido o Shuzan como matéria em suas escolas.
Ocupou o cargo de diretor-executivo da ACSB, desde a sua criação, função este decisivo para a propagação do soroban. Principal divulgador do soroban no Brasil, disseminador das técnicas e das estratégias para seu uso. Reconhecidamente, um árduo defensor da preservação do soroban no âmbito educacional, como uma ferramenta capaz de contribuir para o desenvolvimento das estruturas mentais.
Escreveu o livro “Soroban pelo Método Moderno”, no qual ensina o manuseio do soroban em português, para o público em geral, de uma maneira clara e objetiva, já na 4ª edição. Lançou apostilas, desde operações mais simples às mais elaboradas que foram largamente utilizadas nos cursos ministradas por ele.
Ensinou também, por um tempo limitado o soroban por correspondência. Prof. Kato colaborou, em parte, na solução de cálculo dos deficientes visuais, oferecendo assessoria ao professor Joaquim de Moraes, um professor com deficiência visual que idealizou o soroban denominado Sorobã Moraes e que editou o manual em Braille.
O sonho do Prof. Fukutaro Kato era ver implantado o ensino do soroban em todas as escolas públicas, por esse motivo nunca se negou a fazer demonstrações aos governadores, prefeitos, secretários de educação dos estados e municípios que ficavam surpresos e admirados sempre que se viam frente a um evento desse. Alguns encami
nhavam algum projeto para a Secretaria da Educação e aí começava a morosidade da burocracia e o Shuzan não ganhava acesso a seu espaço.
Em junho de 1983, após regressar de um Encontro de Professores de Soroban de várias localidades do mundo, no Japão, juntamente com o Professor Jair de Moraes Neves, então secretário da Educação do Município de São Paulo, foi autorizada pelo mesmo a introdução do ensino do soroban nas escolas municipais, em caráter experimental, e que na sua gestão permitiria a sua implantação em 24 escolas da rede.
Foi um ano de intenso trabalho, muitas tarefas a realizar, com várias atividades em andamento e outros a iniciar. Apesar de emocionalmente prazeroso foi fisicamente desgastante. E em 28 de outubro desse ano foi acometido por um AVC que o deixou impossibilitado de continuar nas suas funções. Nunca se deixou abater, sempre otimista dedicou-se inteiramente a sua recuperação através da fisioterapia. Em relação a sua vida particular, teve uma vida exemplar, sem vícios, trilhando fielmente o caminho da fé, servindo pessoas e amando a Deus, como cristão prestando serviços à igreja como membro da Igreja Metodista Livre do Brasil.
Apesar de sua suposta recuperação e gradativa melhora, resolveu descansar, numa bela manhã de Quinta-Feira Santa, 31 de março de 1988, deixando dois filhos, Joel, que veio a ocupar o seu lugar assim que adoecera e James o caçula.
“Nós só morremos quando somos só, simplesmente, esquecidos”, escreveu o filósofo Sócrates, portanto por muito tempo, enquanto a palavra Soroban nos for sinônimo de professor Kato, enquanto um discípulo seu, ao fazer uma operação mental rotineira, lembrar com carinho que deve essa ação à ele, ele jamais morrerá...
22º Campeonato Brasileiro de Soroban (1980), com grande número de crianças do Ensino Fundamental, incluindo alunos da Fundação Bradesco, graças ao reconhecimento da importância do ensino do soroban às crianças pelo presidente do Banco Bradesco, Sr. Amador Aguiar