Kazue Takahira

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-Nascida na ilha de [[Ioujima]], província de [[Nagasaki]], no [[Japão]], '''[[Kazue]]''' desembarcou no porto de Santos, quando tinha dez anos, no dia 12 de junho de 1963. Caçula da família, passou a maioria dos 42 dias, que durou sua viagem a bordo do '''Argentina Maru''', dentro de sua cabine, “enjoada” pelos movimentos do navio. Junto com ela vieram os pais '''Takanami''' (52) e '''Samo''' (48), duas irmãs '''Mutsuko''' (20) e '''Misao''' (18), além de um dos irmãos, '''Yoji''' (15). O primogênito, '''Akinori''', veio separado, 2 anos depois, pelo Paraguai.+Nascida na ilha de [[Ioujima]], província de [[Nagasaki]], no [[Japão]], '''Kazue''' desembarcou no porto de Santos, quando tinha dez anos, no dia 12 de junho de 1963. Caçula da família, passou a maioria dos 42 dias, que durou sua viagem a bordo do '''Argentina Maru''', dentro de sua cabine, “enjoada” pelos movimentos do navio. Junto com ela vieram os pais '''Takanami''' (52) e '''Samo''' (48), duas irmãs '''Mutsuko''' (20) e '''Misao''' (18), além de um dos irmãos, '''Yoji''' (15). O primogênito, '''Akinori''', veio separado, 2 anos depois, pelo Paraguai.
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[editar] Kazue Takahira

Nascida na ilha de Ioujima, província de Nagasaki, no Japão, Kazue desembarcou no porto de Santos, quando tinha dez anos, no dia 12 de junho de 1963. Caçula da família, passou a maioria dos 42 dias, que durou sua viagem a bordo do Argentina Maru, dentro de sua cabine, “enjoada” pelos movimentos do navio. Junto com ela vieram os pais Takanami (52) e Samo (48), duas irmãs Mutsuko (20) e Misao (18), além de um dos irmãos, Yoji (15). O primogênito, Akinori, veio separado, 2 anos depois, pelo Paraguai.

Antes do embarque para o Brasil, como de praxe, passaram alguns dias pela Hospedaria dos Emigrantes da cidade de Kobe, para a checagem dos estados de saúde e formalização da emigração. No Brasil, não passaram pela Hospedaria dos Imigrantes, em São Paulo, porque o pai viera já comprometido com a empresa Toyota, cuja fábrica ainda se localiza em Piraporinha, próximo de Diadema, na Grande São Paulo. No início moraram com um parente, mas logo alugaram uma casa no bairro de São Judas, onde está localizada a igreja católica de mesmo nome, talvez até, porque vieram da cidade mais católica do Japão. Eram praticantes fervorosos. A mãe de Kazue não perdia uma missa, mesmo sem entender a língua portuguesa.

Diferentemente dos demais irmãos, todos com a formação escolar obrigatória já encerrada no Japão, Kazue foi a única a continuar os estudos no Brasil. No entanto, desinformada sobre as possibilidades da equivalência escolar, recomeçou seus estudos desde a primeira série do Ensino Fundamental. Essa também é a razão de sua boa pronúncia com a língua portuguesa, apesar da ainda preferência por sua língua pátria. É comum encontrá-la com um pequeno livro japonês nas mãos. Mas tão logo chegaram ao Brasil, tomando conhecimento de uma escola japonesa, São Judas Gakuen, tradicional no bairro, seus pais matricularam-na imediatamente nessa escola. Foi onde conheceu o seu “hatsukoi” (primeiro amor), com quem namorou na época, e futuro marido, Silvio Sano. Ela conta, inclusive, que no começo, o garoto Silvio Sano a evitava devido à sua falta de domínio com a língua japonesa. Mas superada essa situação, já que ela é que passou a entender melhor o português, namoraram por três anos, ficando, depois, oito sem se encontrarem.

Nesse ínterim, Kazue chegou à faculdade, trabalhou em um dos maiores bancos do Brasil, depois em uma grande empresa de produtos e embalagens de vidros, quando reencontrou com Silvio Sano, com quem casou. Dois anos após, grávida 5 meses do filho Tadashi, foi presenteada por ele com uma viagem ao Japão, no que consideraram suas verdadeira “lua-de-mel”. Foram 30 dias, com aquele “barrigão”, passeando pelo país. O principal, para ela, foi o retorno à terra natal depois de 16 anos, apesar de seu sonho mesmo era ter retornado no “seijin shiki” (festa da maioridade, lá = 20 anos). E sua maior lembrança dessa viagem foi exatamente na passagem pela ilha onde nasceu.

Por ser uma ilha, o único meio para se chegar lá era por ferry-boat. O problema é que, depois de tantos anos, não sabendo que a embarcação tinha uma integração com um ônibus circular dentro da ilha, distraídos pelas lembranças e novidades, acabaram perdendo o ônibus. “Não faz mal...”, falou ao marido, “... lembro-me de que a casa da tia não era tão longe daqui. Vamos a pé!”. Durante o percurso, como uma guia turística ia discorrendo-lhe cada lugar associando-o a uma lembrança da infância. “Foi nessa escola que fiz meus primeiros anos do primário... ali, está o apartamento onde morei... mais adiante, o cais onde tirei aquela foto... etc., etc.” Até chegarem, sem vacilo algum, à casa da tia, cujo acesso era difícil e complicado para se reconhecer mesmo para quem tivesse um mapa. Silvio ficou admirado!

Cinco anos depois, retornaram ao Japão porque Silvio Sano resolvera fazer um curso de arquitetura na Universidade de Nagoya. Tadashi tinha, portanto, cinco anos de idade. O movimento dekassegui não tinha ainda se iniciado. Foram dois anos de Japão, e onde Kazue aprendeu a andar de bicicleta, coisa rara entre japoneses nativos na idade dela. Treinava todos os dias em um pátio à frente de onde moravam. Depois, em 1998, tendo Silvio Sano se tornado mais uma das vítimas da violência urbana que predomina no país, Kazue retornou ao Japão, com o marido e filho, aproveitando, agora sim, o movimento dekassegui que começava, até porque eram três. E ficaram três anos e meio, para cumprir então o plano de retornarem ao país apenas quando o filho se formasse no curso primário daquele país. Hoje, portanto, pode-se afirmar que Kazue passou pelas duas etapas existentes na história do movimento migratório Japão-Brasil: veio de lá como tal e, como “quase” tal, retornou para lá. Mas, assim como a maioria dos imigrantes japoneses no Brasil, passou a gostar mais daqui, país que acolheu sua família. E para não se esquecer da pátria nativa, além dos livrinhos nas mãos, assiste a novelas, filmes e shows japoneses em DVDs, bem como “embarcou” também no atual “boom” do karaokê que atingiu toda a comunidade nikkei no Brasil e onde até descartou o sobrenome do marido para passar a utilizar o de solteira.

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