Tsuneo Sano

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Com imensa ajuda de minha esposa, Hanami, mulher delicada mas de muita fibra e força, que além dos afazeres da casa também cuidava do Bazar, comecei a me aventurar pela região como camelô, para aumentarmos a renda da família. Foi assim que conheci Vila Pereira e onde vi a possibilidade de prosperar lá. Voltando para casa, resolvemos, todos, migrarmos para a futura Fernandópolis. Em minha família, nessa época, já contávamos com quatro filhos: Arnaldo Tsunemi, Roberto Hideo, Nestor Junhiti e Reinaldo Tsunetoshi. Com imensa ajuda de minha esposa, Hanami, mulher delicada mas de muita fibra e força, que além dos afazeres da casa também cuidava do Bazar, comecei a me aventurar pela região como camelô, para aumentarmos a renda da família. Foi assim que conheci Vila Pereira e onde vi a possibilidade de prosperar lá. Voltando para casa, resolvemos, todos, migrarmos para a futura Fernandópolis. Em minha família, nessa época, já contávamos com quatro filhos: Arnaldo Tsunemi, Roberto Hideo, Nestor Junhiti e Reinaldo Tsunetoshi.
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Tsuneo Sano.
Tsuneo Sano.

Nasci no dia 20 de janeiro de 1913, na província de Mie, no Japão. Segundo a contagem tradicional japonesa, neste ano, portanto, em 20 de abril de 2012, completo 100 anos. Sou o segundo filho de Tsuneichi Sano, que desembarcou, com nossa família, no porto de Santos, no dia 17 de julho de 1918, a bordo do vapor Wakasa Maru. A família veio composta por meus pais (Tsuneichi e Chiyo), quatro filhos (Tsuneshi,7; eu, 5; Tsunehiro, 3 e Tamao ,1) e um irmão de meu pai, o tio Yoshimi, 15, este para compor a cota mínima de mãos produtivas por família, pela lei de imigração (idade mínima, 12 anos) daquela época.

O Japão, exaurido pelas guerras contra China e Rússia, vivia uma crise econômica terrível, naquela época, além de contar com uma superpopulação. O povo passava fome, mas nossa família até que estava bem. Aliás, a província de Mie era uma das poucas que suportava o momento pelo qual passava o país. Por isso é das menos numerosas no Brasil. Mas, seduzido também pela propaganda enganosa dos “frutos de ouro” (café) no Brasil, e pelo que já ouvira falar das experiências japonesas no Havaí, meu pai resolveu vir para cá a fim de melhorar ainda mais a nossa situação. Ou seja, viemos em busca do enriquecimento.

A viagem foi longa. Pouco antes de aportarmos em Santos, nossa irmãzinha, Tamao, bebê, veio a falecer ainda no navio. Como sabiam que os mortos durante a viagem eram jogados ao mar, nossos pais conseguiram esconder o corpinho dela, de modo que conseguimos enterrá-la em terras brasileiras, num local chamado Fazenda Santa Olímpia, perto de Ribeirão Preto. Foi na Hospedaria dos Imigrantes, em São Paulo, que experimentei, pela primeira vez, bacalhau, mortadela e batatinha, produtos que apreciei muito. Da Hospedaria partimos para a Fazenda Santa Olímpia e depois para a Fazenda dos Ingleses, ambas, próximas a Ribeirão Preto (SP). Nesse local, meu pai contraiu a febre amarela e foi internado na Santa Casa de Ribeirão Preto. Porém, como muitos imigrantes japoneses começaram a migrar para a Fazenda Mané Mato, próximo à cidade de Uchoa, o nosso pai também resolveu ir para lá, apesar de a doença tê-lo debilitado. Ele veio a falecer, mais tarde, nessa fazenda.

Nela, trabalhamos em sistema de parceria, com as famílias Koga e Okuma, por aproximadamente 1 ano. Na época eu já tinha 9 anos de idade. Com papai falecido, partimos para a Fazenda Córrego D’Anta, na região de São José do Rio Preto (SP), onde trabalharíamos, em sistema de arrendamento, por 6 anos. Mas permanecemos apenas 3, porque a renda prevista não condizia com as condições da terra. Com as economias que juntamos por todos esses anos de privações, ainda conseguimos comprar 14 alqueires de uma área próxima à Fazenda Córrego D’Anta, para o plantio de café. Mas, devido ao meu porte físico, pequeno e de frágil saúde para enfrentar as pesadas tarefas agrícolas, tio Yoshimi resolveu me levar para a cidade Onda Verde. Abrirmos um improvisado boteco, onde também residiríamos precariamente. Após 4 anos de intensa dedicação, nos saindo muito bem, resolvemos trazer os demais familiares para a cidade. Apenas Tsunehiro, 3° filho, ficaria na lavoura, cuidando de 2 alqueires, por precaução. Depois, com a venda de nossas terras, compramos um lote e construímos a primeira casa de secos e molhados da cidade, tendo ao fundo nossa residência, para abrigar toda a família.

Com a prosperidade vieram os casamentos, sendo que o Tio Yoshimi foi o 1° a se casar. A seguir foi Tsuneshi, filho mais velho. Apesar de casados, todos continuaram a morar na mesma casa. O 3° foi Tsunehiro, mas continuou morando no sítio. Nesse ínterim, o Tio Yoshimi resolveu partir para a cidade de Novo Horizonte para tentar novo empreendimento com a sua nova família. Daí, com 27 anos, comecei a me preocupar também com a busca por minha própria esposa. Foi quando o meu tio, agora morando na cidade de Barretos, trouxe-me a notícia da existência de uma linda e jovem japonesa naquela cidade, cuja família também procurava por um pretendente. Assim, fui a Barretos a fim de conhecê-la. E lá confirmei: “era linda mesmo a jovem Hanami!” A partir daí, o casamento começou a ser planejado. Minha próxima viagem para lá foi apenas para sacramentar o pedido. Casei-me e também continuei morando com minha mãe e o meu irmão Tsuneshi por aproximadamente 1 ano. Com o casamento de Tsunekissa, o 4° filho, eu resolvi abrir um bazar no mesmo quarteirão do estabelecimento da família. Com imensa ajuda de minha esposa, Hanami, mulher delicada mas de muita fibra e força, que além dos afazeres da casa também cuidava do Bazar, comecei a me aventurar pela região como camelô, para aumentarmos a renda da família. Foi assim que conheci Vila Pereira e onde vi a possibilidade de prosperar lá. Voltando para casa, resolvemos, todos, migrarmos para a futura Fernandópolis. Em minha família, nessa época, já contávamos com quatro filhos: Arnaldo Tsunemi, Roberto Hideo, Nestor Junhiti e Reinaldo Tsunetoshi.

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