Casamento Japonês
De Nikkeypedia
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Casamento Japonês
Casar no Japão pode ir dos 50 mil aos 500 mil dólares!
É o momento alto. Os pais poupam uma vida inteira para dar aos filhos um momento único. Estes enlaces são dignos de um filme estilo Hollywood. A noiva chega a trocar de vestido quatro vezes. E os álbuns de casamento são três a quatro vezes mais volumosos do que um álbum de fotografias de um ocidental. Os noivos usam quimonos especiais neste dia. Já os convidados para não fazerem má figura, eles devem vestir fato preto e camisa branca e elas um vestido de gala ou um quimono a condizer com a festa.
O casamento começa com a preparação dos noivos, segue-se a cerimónia xintoísta e, por fim, a festa em que o casal troca de roupa e veste-se no melhor estilo ocidental: ele, de smoking ou fato, e ela, de véu e grinalda brancos.
A lista de convidados é restrita, limitada apenas aos empregadores, a família e poucos amigos – nesta ordem. Raramente ultrapassa mais de cinquenta pessoas. Os convites jamais são extensivos aos parentes. É muito comum apenas um dos membros da família ser incluído. Amigos do sexo oposto dificilmente participam. Não é de bom tom para a noiva, por exemplo, convidar um amigo de faculdade. Ou vice-versa. Com todas estas restrições, ir a um casamento no Japão é uma oportunidade rara.
O preço de um casamento no Japão é bastante elevado, pode ir dos 50 mil dólares aos 500 mil dólares, por isso alguns casais optam por realizar a festa fora do país.
No Japão compra-se um pacote completo. Quando se decide por um templo, uma agência cuida de todos os preparativos – para que os convidados não precisem se deslocar, muitos locais religiosos são construídos dentro de grandes hotéis. Os noivos não precisam de se preocupar com nada. Da maquiagem à prendinha, todos os detalhes ficam a encargo da mesma companhia.
O mais comum no Japão são os casamentos xintoístas, representando 63% dos enlaces. Depois, com 30% das preferências, surgem as cerimónias cristãs e, por fim, 2% de budistas. Outra curiosidade fica por conta do registro civil. Não há nenhuma relação entre a união civil e a religiosa. Assim é possível, por exemplo, apenas fazer a celebração com o sacerdote e uma festa sem, aos olhos da Justiça, estar realmente casado. O processo legal é rápido e gratuito. Exige-se somente que os noivos japoneses tenham no mínimo 20 anos e preencham um formulário para informar a união. Mais simples, impossível.
Complicado mesmo é conseguir vestir a noiva. A preparação exige a ajuda de pelo menos três assistentes. Pesado, por causa das roupas sobrepostas, o quimono fica completamente amarrado ao corpo e impede qualquer movimento mais ousado. O objetivo da maquiagem é deixar a pele bem branca. O cabelo é substituído por uma peruca, com muitos arranjos. Por cima coloca-se o tsuno kakushi, uma espécie de capuz, que representa a obediência da mulher ao marido. O noivo veste um quimono preto, com o brasão da família. No lugar do sapato, um chinelo com meia branca.
A celebração em si é curta. Na abertura o auxiliar do sacerdote faz a purificação dos participantes com incenso. Sentado sobre as pernas e de frente para o altar, o sacerdote faz uma prece. No fundo, toca uma música sagrada. Não é permitido fotografar ou filmar o altar e o sacerdote. Para celebrar o momento, os noivos devem tomar saquê, em pequenos goles, alternados em três cálices diferentes. A bebida é servida por duas jovens necessariamente virgens, que atuam como assistentes da cerimónia. Este é o momento que se considera o casamento consumado.
Depois disso vem a leitura do seishi, o juramento de amor e fidelidade, escrito num japonês tão antigo que é preciso muito treino para não errar. Tornou-se comum a inclusão da troca de alianças, um hábito importado do Ocidente. Para encerrar, os noivos fazem uma oferenda aos deuses. Não existem padrinhos nos moldes ocidentais. Cada noivo convida seu melhor amigo ou, no máximo um casal, para ocupar um lugar de honra.
Terminada a liturgia, começa a superprodução. As noivas japonesas usam inúmeros trajes durante a festa. A cada troca de roupa, muda também o penteado e a maquiagem com a mesma freqüência. Acredita-se que as trocas constantes servem para enfatizar a beleza da mulher. E quanto mais quimonos e vestidos diferentes, mais ricas são as famílias.
Os convidados, assim que entram no salão, deixam logo o seu presente numa mesa da entrada. O costume é dar dinheiro, guardado num discreto envelope – especial para casamento e que pode ser comprado em qualquer papelaria. Há até uma espécie de tabela para ser seguida. Amigos devem dar 30 mil ienes; parentes, 50 mil ienes e padrinhos pelo menos 100 mil ienes. Já no salão, cada um tem seu lugar predeterminado para se sentar, escolhido pelos noivos. Vem, então, a comida. Pouca quantidade, mas em pratos extremamente bem desenhados. O menu varia conforme a opção do casal, que pode ser de tipicamente japonês a totalmente ocidental.
A grande diversão da celebração são os discursos. Uma lista interminável de pessoas pega o microfone e solta o verbo em homenagem aos recém-casados: pais dos noivos, melhores amigos, colegas do trabalho, os chefes do serviço. Depois é a vez do par retribuir, lendo cartas para seus pais e fazendo um derradeiro agradecimento pela presença de todos.
A maior curiosidade, no entanto, fica por conta do bolo: como um de verdade não sai por menos de 50 mil ienes, os noivos preferem os feitos do mais puro plástico. Mesmo assim, se resolverem cortá-lo, precisam pagar 5 mil ienes. Mas não podem colocar a faca no lado que bem quiserem. Existe um lugar determinado para o encaixe da lâmina. Com isso, o mesmo bolo é usado para várias festas seguidamente.
No final, os noivos dão presentes de agradecimento. Para as mães, são entregues buquês de flores. Para os melhores amigos, lembranças especiais. Os demais convidados ganham louças e cerâmicas. No horário combinado, normalmente depois de quatro horas, as pessoas se retiram. Afinal, as festas no Japão têm hora marcada para começar e terminar. Cerca de 50% dos casamentos que ocorrem no Japão ainda são frutos de acertos entre as famílias dos noivos.
Cerimônias estão se transformando, tornando-se mais ocidentalizadas e, às vezes, inusitadas
O formato inicialmente tradicional da cerimônia japonesa de casamento está adotando estilos mais livres. No Japão, quando alguém nasce, é feita uma visita a um santuário xintoísta; quando se casa, a cerimônia é realizada em uma igreja cristã; e seu funeral é rezado por um monge budista. Dessa forma, não se sabe se os nipônicos são liberais quando o assunto é religião, ou se são ricos em curiosidade. Afinal, de que forma as cerimônias de casamento vêm se transformando? Os casamentos vistosos atuais teriam tido início há cem anos, e a primeira cerimônia teria sido o enlace do imperador Taisho, na época o príncipe herdeiro, realizado no Grande Templo Tóquio. No período pós-guerra, o costume difundiu-se entre os populares.
Casamentos de diversas formas
• Casamento perante pessoas – Diante de parentes e amigos que servirão como testemunhas, o casal realiza a cerimônia sem mesmo a presença de padrinhos. Proferem palavras de juramento, trocam as alianças, aplicam os seus carimbos no documento do casamento civil e assim o ritual é finalizado. É o método de crescente preferência nos últimos tempos, por não ter uma conotação religiosa e ser pouco dispendioso.
• Casamento perante Deus – Casamento segundo xintoísmo. Os noivos trocam taças de miki (sakê sagrado) na cerimônia chamada san-san-kudo, na qual se utilizam três taças de tamanhos pequeno, médio e grande. A primeira taça significa juramento a Deus, a segunda significa gratidão aos pais e familiares e a terceira é dedicada às pessoas que doravante vão conviver com o casal.
• Casamento em igreja – Os fiéis da igreja cristã no Japão não chegam a 1% de toda a população daquele país. No entanto, o casamento na igreja é muito apreciado. Há pequenas diferenças entre católicos e protestantes, mas a cerimônia é realizada por padre ou pastor, com Bíblia, cantos de louvor a Deus, certificados, troca de alianças, etc. Por fim, o casal assina a certidão de casamento. A passadeira por onde caminha a noiva é vermelha ou verde para os católicos e branca para os protestantes. Nas entradas e saídas da noiva, jogam-se flores e também, na saída do casal, tem-se o costume de jogar arroz desejando felicidade, fartura e bênção do nascimento de filhos. O arroz significa prosperidade e fartura na colheita.
E quanto ao local da cerimônia?
Antigamente, as cerimônias eram realizadas em lares, de forma simples. Hoje, os locais escolhidos para os casamentos são dos mais variados, no próprio país, ou no exterior. São muito organizadas, inclusive, cerimônias em hotéis próximos à Disneylândia de Tóquio, cercadas de personagens como Mickey, Minnie e sua turma. Há outros lugares muito procurados, como o Huis Ten Bosch, em Nagasaki, onde a atmosfera medieval foi recriada, com aspectos holandeses e réplica idêntica do salão do castelo real, além de direito à parada pelo parque em carruagem puxada por dois cavalos, o que tem agradado os noivos pela sensação de terem se tornado príncipe e princesa. Atualmente, o número de turistas de Taiwan e Coréia tem crescido a olhos vistos.
São também muito requisitadas as cerimônias de casamento em resorts como os de Karuizawa ou Izu-Hakone. Se a opção for por um casamento no litoral, o local mais cotado, sem sombra de dúvida, é Okinawa, onde se pode desfrutar o ano todo de seu clima tropical. Em locais como Havaí, Guam, Austrália, Bali e Taiti também há infra-estrutura para realizar casamentos de japoneses. O país da economia, Japão, une a cerimônia de casamento com a viagem turística. Os mais diferenciados são os casamentos em saltos de pára-quedas, casamentos no ar em balões e, ultimamente, tem também a opção da cerimônia de casamento realizada nos aquários de grande porte, em todo o Japão.
Está em ascensão o número de homens e mulheres que deixam de se casar, mas as cerimônias de casamento tendem a ser cada vez mais personalizadas pelos noivos, que querem fazer do acontecimento um ato marcante e repleto de sonhos. Evidentemente, a indústria do casamento, com robusto espírito mercantil, lança mão de variados meios e mercadorias para oferecer produtos dos mais diversificados não só em termos de cerimônias de casamento, como também de lua-de-mel, trajes, estética, presentes, etc.