Karatê: mudanças entre as edições

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== História ==
== História ==


===Antecedentes===
[[Image:Karate_shuricastle500.jpg|center|frame|Castelo Shuri.]]
[[Image:Karate_shuricastle500.jpg|center|frame|Castelo Shuri.]]


O [[arquipélago]] de {{nihongo|[[Oquinaua]]|沖縄|Okinawa}} localiza-se quase que exatamente a meio caminho entre [[Japão]] e [[China]], no [[Mar da China]] Oriental. Por causa de sua posição georgráfica, que sempre despertou a [[wikt:cupidez|cupidez]] dos dois países, estes não pouparam esforços para estenderem suas influências (culturais e econômicas), tornando a existência de um governo local submetida a conveniência externa.


Originalmente a palavra '''karatê''' era escrita com os ideogramas '''空手''' "mãos vazias" se referindo à Dinastia Tang ou, por extensão, à mão chinesa, refletindo a influência chinesa nesse estilo de luta.
Entre [[1322]] e [[1429]], sucedeu um período denominado de {{nihongo|''Sanza-jidai''|三山時代|período dos três montes}} quando que se debateram os três reinos de {{nihongo|''Hokuzan''|北山|Monte Setentrional}}, {{nihongo|''Chuzan''|中山|Monte Central}} e {{nihongo|''Nanzan''|南山|Monte Meridional}} pelo controle da região. Tal período acabou com a unificação sob a bandeira única do [[reino]] de [[Ryukyu]] e sob o comando de ''Chuzan'', que era o mais forte economicamente, inaugurando a primeira [[dinastia]] ''Sho'': [[Sho Hashi]]. A influência chinesa consolidou-se mais forte.


O '''karatê''' é, provavelmente, a mistura de uma arte de luta chinesa levada a [[Okinawa]] por mercadores e marinheiros da província de Fujian com uma arte própria de [[Okinawa]]. Seus nativos chamavam este estilo de '''Okinawa-te''' "mão de Okinawa". Os estilos de '''karatê''' de [[Okinawa]] mais antigos são o [[Shuri-te]], o [[Naha-te]] e o [[Tomari-te]], assim chamados de acordo com os nomes das três cidades em que eles foram criados.
Entrementes, após a unificação, el-Rei ''Sho Hashi'' promulgou um édito que tornou proibido o porte de quaisquer armas por parte da população civil. Considera-se este facto o estopim para a evolução que veio a culminar no caratê, um vez que já existia em [[Oquinaua]] uma arte marcial própria. Assim, devido à necessidade de as pessoas terem uma forma de defesa e em razão da proibição real, aquelas técnicas foram-se aperfeiçoando nas camadas mais pobres da população.


Em 1820 [['''Sokon Matsumura''']] fundiu os três estilos e criou o estilo shorin (pronúncia japonesa para a palavra chinesa '''shaolin'''), que é também a pronúncia dos ideogramas '''少林''' ("pequeno" e "bosque"). O nome '''shorin''' foi dado posteriormente, por '''Choshin Chibana''', ao estilo idealizado pelo mestre '''Matsumura'''. Entretanto, os próprios estudantes de '''Matsumura''' criaram novos estilos, adicionando ou subtraindo técnicas ao estilo original. Gichin Funakoshi, aluno de um dos discípulos de Matsumura, chamado Anko Itosu, foi a pessoa que introduziu e popularizou o caratê nas ilhas principais do arquipélago japonês.
Fruto também da proibição de armas foi o desenvolvimento do [[Kobudo]], que transformou o uso de objectos do contidiano em armas, como a [[tonfa]] e o [[nunchaku]], que erem originalmente instrumentos agrícolas, para manuseio de [[wikt:moínho|moínho]] e debulhagem de [[arroz]]<ref>{{link|1=pt|2=http://senseijadir.comze.com/index.php?option=com_content&view=article&id=69%3Ahistoria-do-karate&catid=40%3Akarate&showall=1|3=História do Karate|4=Acesso em 10.dez.2010.}}</ref>.
O karatê de Funakoshi teve origem na versão de Itosu do estilo Shorin-ryu de Matsumura que é comumente chamado de Shorei-ryu. Posteriormente o estilo de Funakoshi foi chamado por outros de Shotokan (Shoto seria seu apelido; o ideograma kan () significa prédio ou construção, e portanto shotokan significa "Prédio de Shoto"). O estilo Shotokan foi popularizado no Japão e introduzido nas escolas secundárias antes da Segunda Guerra Mundial.
 
Como muitas das artes marciais praticadas no Japão, o karatê fez a sua transição para o karate-do no início do século XX. O do em karatê-do significa caminho, palavra que é análoga ao familiar conceito de tao. Como foi adotado na moderna cultura japonesa, o karatê está imbuído de certos elementos do zen-budismo, sendo que a prática do karatê algumas vezes é chamada de "zen em movimento". As aulas freqüentemente começam e terminam com curtos períodos de meditação. Também a repetição de movimentos, como a executada no kata, é consistente com a meditação zen, pretendendo maximizar o autocontrole, a atenção, a força e velocidade, mesmo em condições adversas. A influência do zen, nesta arte marcial, depende muito da interpretação de cada instrutor.
Posteriormente, em [[1609]], o [[clã]] [[samurai]] de [[Satsuma]], com aprovação do imperador japonês, subjugou Ryukyu. Por ocasião da invasão, os samurais encontraram pouco ou nenhum revide, porque el-Rei declarou que a vida é o mais importante tesouro. Assim, Oquinaua passou a ser um [[estado tributário]] de Japão e China, mas, entonces, com predomínio nipônico, que expôs a cultura local e influenciou sobremaneira o desenvolvimento das artes marciais, sob os valores da classe guerreira. Naquele momento, o clã Satusma introduziu sua própria disciplina [[Jigen-ryu]].
A modernização e sistematização do karatê no Japão também incluiu a adoção do uniforme branco (quimono ou karate-gi) e de faixas coloridas indicadoras do estágio alcançado pelo aluno, ambos criados e popularizados por [Jigoro Kano], fundador do [judô]. Fotos de antigos praticantes de caratê de Okinawa mostram os mestres em roupas do dia-a-dia.
 
Durante a Segunda Guerra Mundial, o karatê tornou-se popular na Coréia do Sul sob os nomes tangsudo ou kongsudo quando a pratica do taekwondo foi proibida pelos japoneses após sua invasão.
===Okinawa-te===
Em meados do [[século XVII]], a arte marcial de Oquinaua já era estabelecida{{sem fontes}}, sendo conhecida por {{nihongo|''Te'' ou ''Ti''|手 ou ティー|mão}}. Também é referida como {{nihongo|''Okinawa-te'' ou ''Ushinhaa-ti''|沖縄手|mão de Oquinaua}}, quando surge a figura de [[Matsu Higa]], renomado mestre de ''Te'' e ''kobudo'' e estudioso de [[Chuan fa]], que teria aprendido com mestres chineses. Mas já nesse tempo, a arte marcial já vinha evoluindo em três formas distintas, radicadas nas três cidades que as nomearam, [[Naha-te]], [[Tomari-te]] e [[Shuri-te]].
 
Acredita-se que [[Sensei]] Higa tenha sido, dentro de seu estilo próprio, o primeiro a estabelecer um conjunto formal de técnicas e chamá-lo de ''te''. {{sem fontes}}
 
Destacaram-se mais os estilos de [[Shuri]], por ser a [[capital]], e de [[Naha]], por ser o porto e mais importante entreposto comercial. Entretanto, posto que tivesse menor relevo no cenário da época, por ser mormente uma cidade de trabalhadores, pescadores e campesinos, [[Tomari]], devido a exatamente suas características, desenvolveu o estilo peculiar e muitas vezes erradamente confundido com o estilo de Shuri. Ademais, em que pese cada um das cidades ter seu estilo, elas compartilhavam informações e praticantes<ref name="Yamashita">{{link|en|http://www.yamashitakarate.com/KarateHistory.htm|History Okinawan Shorin Ryu|Acesso em 13.dez.2010}}.</ref>.
 
Na linhagem de [[Shuri-te]], seguiram-se a Sensei Higa, mais ou menos numa linha de instrutor e aprendiz<ref name="Mmaun">{{link|en|http://mmaunderground.info/Stand_up_fighting_lineage.aspx|Stand up fighting lineage|Acesso em 13.dez.2010}}.</ref>, os mestres [[Peichin Takahara]], [[Kanga Sakukawa]] e [[Sokon Matsumura]].
 
Com mestre Takahara<ref group="Nt">''Peichin Takahara'' era um monge de Oquinaua</ref>, já por influência japonesa, o ''Te'' vem a receber os três princípios que culminariam com a transformação da técnica numa disciplina muito maior já na transição do [[século XIX]] para o [[século XX]].
 
Ainda no [[século XVII]], o ''Te'' sofria fortes influências desde a [[China]] ainda. Mestre Sakukawa, por sugestão de [[Peichin Takahara]], foi aprender com o chinês [[Kushanku]] &mdash; mestre de [[Chuan fa]] &mdash; e, depois, diretamente no continente. Tais características não passaram despercebidas e calharam em que a arte marcial passou a se chamar {{nihongo|''To-de'' ou ''To-di''|唐手 ou トゥデ|mão chinesa}}<ref group="Nt">A forma de escrita [[kanji]], do japonês, usa dos caracteres chineses. Assim, o caractere 唐, quando escrito em [[Língua chinesa|chinês]], soa como "Tang", pelo que a palavra ''To-de'' também faz referência à Dinastia [[Tang]].</ref>, ou ainda {{nihongo|''Toshukuken''|徒手空拳}} e {{nihongo|''Toshu-jitsu''|徒手術}}<ref name="Bushin">{{link|en|http://www.bushinkai.org.uk/page20.htm|Bushinkai - Karate History|Acesso em 13.dez.2010.}}</ref>.
 
Enquanto isso, em Tomari, seu estilo seguia sob os ensinamentos de [[Karyu Uku]] e [[Kishin Teryua]], que deixariam por legado a [[Kosaku Matsumora]]<ref>{{link|en|http://www.msisshinryu.com/history/tomari-te/|MSISSHINRYU.COM &#124; TOMARI-TE: THE PLACE OF THE OLD TODE|Acesso em 13.dez.2010}}.</ref> e, em Naha, o ''te'' evoluia numa direção diversa, com movimento de extrema contração, golpes de curto alcance e condicionamento do corpo para absorção de golpes<ref>{{link|en|http://www.shuriway.co.uk/ryukyuhist.html|History of Okinawan Karate-Do|Acesso em 13.dez.2010}}.</ref>, tudo conjugado a técnicas de respiração<ref>{{link|pt|http://www.karatezanshin.com.br/historiadokarate.html|História do Karate|Acesso em 13.dez.2020}}.</ref>: {{nihongo|[[Ibuki]]|威吹鬼}}. {{sem fontes}}
 
Sob o ministério de [[Sokon Matsumura]], o ''to-de'' passou a ter um treinamento mais formalizado com a compilação de uma série mais ou menos fechada de [[Kata (artes marciais)|katas]] e, principalmente, rompeu-se a barreira das classes socias. Com Matsumura, que fazia parte da elite guerreira e da corte de el-Rei [[Sho Ko]] e sucessores, o ''to-de'', praticado mormente pelas classes trabalhadoras, passou a ser uma arte militar reconhecida.
 
Por essa época, ficaram famosos, e quase lendários, os contos sobre as [[wikt:proeza|proezas]] dos artistas marciais de [[Oquinaua]], como a do mestre de [[Tomari-te]], [[Kosaku Matsumora]], que desarmado derrotou um [[samurai]]. Assim, o ''te'' era conhecido também por {{nihongo|''shimpi tode''||misteriosa mão chinesa}} ou {{nihongo|''reimyo tode''||mMiraculosa mão chinesa}}.
 
===Mãos vazias===
[[Imagem:Itosu_Anko.jpg|thumb|right|120px|Anko Itosu]]
No fim do século XIX, o caratê ainda era marcado de modo forte por quem o ensinava, não havia, posto que houvesse similitudes entre as técnicas, um padrão, o que dificultava sua maior aceitação fora de círculos restritos, porque era praticado e ensinado num rígido esquema de mestre/aluno<ref name="Ogawa">{{link|pt|http://www.budokan.com.br/historia/funakoshi.htm|BUDOKAN Shinbun: Gichin Funakoshi|Acesso em 14.dez.2010.}}</ref>.
 
Nesse meio tempo, sobreveio a final anexação de [[Ryukyu]], em [[1875]], tornando-se a "Prefeitura e Oquinaua". E o que poderia ser o fim tornou-se uma oportunidade, pois terminou com o isolamento da população do arquipélago, incorporados de vez à população nipônica. E coube a [[Anko Itosu]], um discípulo de Matsumura e secretário do rei de Oquinaua, usar de sua influência para tentar disseminar a arte marcial.
 
O mestre via o ''te'' não somente como arte marcial mas, principalmente, como uma forma de desenvolver caráter, disciplina e físico das crianças. Aind'assim, o mestre julgava que os métodos utilizados até a época não eram práticos: o ''te'' era ensinado basicamente por intermédio do treino repetitivo dos [[Kata (artes marciais)|kata]]. Entonces, Itosu simplificou o treino a unidades fundamentais, os [[kihon]]s, que são as técnicas compreendidas em si mesmas, um [[soco]], uma [[esquiva]], uma [[Bases do caratê|base]], e, além, compilou a série de [[Kata (artes marciais)|katas]] [[Pinan]] com técnicas mais simples e que passariam a formar o [[currículo]] introdutório. A mudança resultou na diminuição, supressão em alguns casos, de táticas de luta, mas reforçou o caráter esportivo, para benefício da saúde: deu-se relevo a postura, mobilidade, flexibilidade, tensão, respiração e relaxamento.
 
E atribui-se a ele a mudança de denominação para {{nihongo|karatē|空手|mãos vazias}}, como forma de vencer as barreiras culturais, as resistências para aceitação, pois como algo com origem chinesa não era visto com bons olhos, ademais porque havia tensões latentes entres os dois países.
 
Em [[1900]], aconteceu uma grande emigração deste Oquinaua até o [[Havaí]], resultando na primeira mostra do caratê a ocidentais, eis que o Havaí tinha sido anexado pelos [[EE.UU.]] havia aproximadamente dois anos.
 
O caratê tornou-se esporte oficial em [[1902]]. Evento dramático no desenvolvimento do carate que é o ponto em que se aperfeiçoa a transição de arte marcial para discilplina física, deixando ser visto apenas como meio de auto-defesa<ref name="Ogawa"/>.
 
Como resultado de seu progresso, Anko Itosu crê ser possível exportar o caratê para o resto do Japão e, em começos do [[século XX]], passa a empreender esforços para tanto, mas não consegue lograr sucesso.
 
Paralelos a esses eventos, outro influente mestre, [[Kanryo Higashionna]], promovia por si outras mudanças. Ele desenvolvia um estilo peculiar que mesclava técnicas suaves, evasivas e defensivas, e rígidas, e tinha como discípulos [[Chojun Miyagi]] e [[Kenwa Mabuni]]. A exemplo de Itosu, Higashionna consegiu fomentar os valores neles que levaram até as mudanças futuras que tornariam o caratê mais aceitável.
 
===Caminho das mãos vazias===
{{Artigo principal|Karatedo}}
[[Imagem:Mabuni_Kenwa.jpg|thumb|right|120px|Kenwa Mabuni]]
Os esforços de Itosu, a despeito de não gerarem os efeitos almejados, frutificaram nas mãos de seus alunos. Mestre [[Kenwa Mabuni]], como forma de tributo, sistematizou todos os ensinamentos aprendidos no estilo [[Shito-ryu]], que pretende fundir os estilos [[Shuri-te]] e [[Naha-te]] e com isso veio a preservar muitas variações de [[Kata (artes marciais)|kata]]. Mestre [[Choshin Chibana]], por seu turno, compilou seu conhecimento no estilo [[Kobayashi-ryu]], pretendendo preservar as exatas formas por ele aprendidas de Matsumura e Itosu<ref>{{link|en|http://www.karateshorinkan.com/history.php|Shorin-ryu Shorinkan Karate|Acesso em 13.dez.2010.}}</ref>.
 
Entretanto, coube a [[Gichin Funakoshi]] completar do mestre Itosu. Funakoshi, sem olvidar que foi ladeado pelos colegas, logrou êxito em difundir o caratê pelo arquipélago japonês. As técnicas do estilo iniciado por Funakoshi baseiam-se no caratê de Itosu, mas dando mais ênfase ao aspecto formativo da personalidade.
 
A despeito de vários pedidos para a não exibição de vários mestres que não viam com bons olhos a divulgacão, Funakoshi levou o carate até o sistema público de ensino, com a ajuda de seu mestre Anko Itosu e, em pouco tempo, a arte marcial já fazia parte do currículo escolar como disciplina física/esportiva, dando um impulso extraordinária, com o caratê sendo praticado em vários sítios e sendo bastante apreciado e valorizado localmente.
 
Entre [[1902]] e [[1915]], Sensei Funakoshi viajou com seus melhores alunos por toda [[Oquinaua]] realizando demonstrações públicas de caratê e calho de o inspetor de Educação da "nova" prefeitura, Shintaro Ogawa, estava particularmente interessado no processo seletivo para ingresso nas [[forças armadas]], preocupado em obter um bom grupo, composto por jovens de boa índoles (valores) e boa compleição. Ogawa ficou impressionado, que escreveu ao continente dando as novas<ref name="Ogawa"/>.
 
Sucedeu de o Almirante [[Rokuro Yashiro]] assistir a uma daquelas demonstrações, explicadas por Funakoshi, enquanto seus alunos executavam ''kata'', quebravam telhas e faziam outras proezas, que expunham a eficácia do condicionamento físico. O almirante ficou muito impressionado e ordenou que seus homens que iniciassem o treinamento de imediato. Sucedeu também de, em [[1912]], o comando Almirante Dewa escolher doze de seus homens para treinarem caratê por uma semana, enquanto estivessem ancorados nas imediações. As novas levadas por esses dois oficiais levaram o caratê a ser mais comentado no Japão<ref name="Ogawa"/>.
 
Calhou de, em [[1921]], o então príncipe herdeiro e futuro imperador [[Hirohito]] assistir a uma dessas demonstrações, pelo que ficou admirado e pediu a feitura de um evento nacional em Tóquio, reazlizado em [[1922]]. O evento foi muito bem sucedido e ocasionou de o mestre Funakoshi ser coberto de convites para apresentar sua arte e um desses convites foi feito por [[Jigoro Kano]], para ser feito no instituto [[Kodokan]].
 
[[Imagem:Kano_Jigoro.jpg|thumb|right|120px|Jigoro Kano]]
Durante o evento, que levantou a plateia, mestre Funakoshi foi convencido a permanecer no Japão e, com a ajuda de Jigoro Kano, de que se tornou amigo íntimo, o caratê foi difundido.
 
Como muitas das artes marciais praticadas no [[Japão]], o caratê fez a sua transição para o {{nihongo|karatē-dō|空手道|caminho das mãos vazias}}. A partícula ''do'' significa caminho, palavra que é análoga ao familiar conceito de ''tao''<ref name="Anam">{{link|1=pt|2=http://www.anam-pt.com/forum/index.php?topic=8.0|3=GICHIN FUNAKOSHI E O SHOTOKAN|4=Acesso em 14.dez.2010}}.</ref>. Daí que o caratê deixou de ser encarado apenas em seu aspecto técnico, ou ''jitsu'', para ser realçado o filosófico.
 
Como foi adotado na moderna cultura japonesa, o caratê está imbuído de certos elementos do zen budismo, sendo que a prática do caratê algumas vezes é chamada de "zen em movimento". As aulas frequentemente começam e terminam com curtos períodos de meditação. Também a repetição de movimentos, como a executada no ''kata'', é consistente com a meditação zen pretendendo maximizar o autocontrole, a atenção, a força e velocidade, mesmo em condições adversas. A influência do [[zen]] nesta arte marcial depende muito da interpretação de cada instrutor.
 
Devido aos esforços de Funakoshi o caratê passou a ser ensinado nas [[universidade]]s de Shoka, Takushoku, Waseda e Faculdade de Medicina.
 
A modernização e sistematização do caratê no Japão também incluiu a adoção do uniforme branco ([[quimono]] ou [[karategi]]) e de faixas coloridas indicadoras do estágio alcançado pelo aluno, ambos criados e popularizados por [[Jigoro Kano]], fundador do [[judô]].
 
As contribuições de Jigoro Kano não se limitam ao uniforme de treinamento e à padronização das graduações, mas vão até a técnicas, que forma compiladas dentro do estilo [[Shotokan]]. O conceito de ''do'', ainda que latente há muito, foi de certa forma incorporado segundo suas ideias.
 
Depois que Funakoshi demonstrou o caratê, outros mestres de Oquinaua seguiram seu exemplo e se foram, no fito de conseguir novos alunos e divulgar ainda mais. Um deaqueles mestres era [[Kenwa Mabuni]], que se fixou em [[Osaca]] e, no ano de [[1931]], criou a Dai-Nihon Karate-do Kai, para dar apoio a seu estilo, que foi registrado, primeiro como ''Hanko-ryu'', e, depois, ''Shito-ryu''.
 
Entrementes, durante a [[década de 1930]], que a a Associação Japonesa de Artes Marciais, [[Butoku-kai]], reconheceu oficialmente o caratê como arte marcial nipônica e requereu que todas as escolas fizessem registro na entidade<ref>[http://www.apk-do.pt/cronologia.html Associação Portuguesa de Karate-Do - Cronologia]</ref>, fornecendo os nomes dos estilos.
 
Em [[maio]] de [[1949]], alguns discípulos de Funakoshi criaram uma associação cujo escopo principal seria a promoção do caratê. O nome dado foi Nihon Karate Kyokai, ou Associação Japonesa de Caratê (Japan Karate Association - JKA, em [[língua inglesa|inglês]]), e o primeiro presidente foi Saigo Kichinosuke, membro da [[Câmara Alta]] do Japão, neto de [[Saigo Takamori]], um dos maiores heróis do Japão Meiji.
 
Durante a Segunda Guerra Mundial, o caratê tornou-se popular na [[Coréia do Sul]] sob os nomes ''tangsudo'' ou ''kongsudo'' quando a pratica do [[taekwondo]] foi proibida pelos japoneses após sua invasão.
 
Após a [[Segunda Guerra Mundial]], o mestre Funakoshi com seus alunos conseguiram que o Ministério da Educação classificasse o caratê como educação física e não como arte marcial, tornando possível seu ensin, durante a ocupação do Japão. Depois dos [[EE.UU.]] o caratê foi difundido pela [[Europa]] e o mundo<ref>{{link|1=pt|2=http://asks.wordpress.com/2008/01/09/gichin-funakoshi/|3=GICHIN FUNAKOSHI &laquo; ASKS DIGITAL|4=Acesso em 14.dez.2010}}.</ref>.
 
===Atualidades===
Posto que mestre Funakoshi pregasse que o caratê era uma [[arte marcial]] única, que as variações nas formas, nos estilos, deviam-se precipuamente às idiossincrasias e que jamais denominou sua linhagem de estilo, ainda durante sua existência e persistindo até os dias atuais, o que sucedeu foi uma proliferação de estilos, escolas e linhagens diferentes.
 
A grande variedade de estilos e escolas, se por um lado facilita essa disseminação, por outro, causou enormes dissenções e cisões entre entidades e representantes. Muitas vezes, o que motivou a cisão foram disputas políticas e/ou ideológicas.
 
Depois de criada por discípulos de Funakoshi, a quem aclamaram o como líder, em [[10 de abril]] de [[1957]], a JKA ganhou a condição de entidade oficial, mas, cerca de duas semanas depois, o grande mestre faleceu com a idade de 89.
 
Em [[19 de junho]] de [[1999]], depois de muitos anos e muitos episódios marcados pela discórdia, na 109&ordf; Sessão do Comitê Olímpico Internacional - [[COI]], confirmou-se o reconhecimento da Federação Mundial de Caratê (World Karate Federation - [[WKF]], em [[língua inglesa|inglês]]) como o ente governativo do caratê mundial, o que significava o também reconhecimento do esporte como esporte candidato a figurar nos Jogos Olímpicos de [[Atenas]], em [[2004]], como esporte de demonstração, cuja confirmação dar-se-ia na 111&ordf; Session do Comitê, para o ano seguinte<ref name="Olim"/>.
 
O COI estabece dois parâmatros para a aceitação de um esporte como olímpico: ser praticado em muitos países (membros) e ser representado por uma entidade mundialmente reconhecida. Aparentemente, o caratê possui esses dois requisitos, porém, nos anos de [[2005]] e [[2009]], foi negada a participação<ref>{{link|1=en|2=http://www.associatedcontent.com/article/2686042/why_isnt_karate_an_olympic_sport.html?cat=14|3=Why Isn't Karate an Olympic Sport? - Associated Content from Yahoo! - associatedcontent.com|4=Acesso em 21.dez.2010.}}</ref>. E, para os jogos de [[2012]], ainda o caratê não é listado<ref>{{link|fr|http://www.olympic.org/fr/content/Sports-olympiques/|Sports, Sports Olympiques d’Hiver et Été, Olympiques Londres 2012 - Olympic.org|Acesso em 21.dez.2010.}}</ref>.
 
===No Brasil===
Da mesma forma como sucedeu com outras [[artes marciais japonesas]], o caratê foi introduzido no [[Brasil]] com a chegada de imgrantes japoneses no começo do [[século XX]]. Pero somente no ano de [[1956]], o [[sensei]] [[Mitsuke Harada]] (Shotokan)<ref>{{link|pt|http://www.fbk.org.br/artigos.php?art=4|Federa&ccedil;&atilde;o Bahiana de Karat&ecirc; - Pag&iacute;na Artigos|Acesso em 21.dez.2010.}}</ref> instala o primeiro [[Dojo|dojô]] em [[São Paulo]]. A esse exemplo seguiram os mestres [[Juichi Sagara]] (Shotokan), em [[1957]]; [[Seichi Akamine]] (Goju-ryu), em [[1958]];  [[Koji Takamatsu]] (Wado-ryu); [[Takeo Suzuki]] (Wado-ryu); [[Michizo Buyo]] (Wado-ryu); [[Yoshide Shinzato]] (Shorin-ryu); [[Akyo Yokoyama]] (Kenyu-ryu)<ref>{{link|pt|http://www.karatejaguaribe.com.br/historico/brasil.php|KARATE DE JAGUARIBE-CE|Acesso em 21.dez.2010.}}</ref>.


== Graduação ==
== Graduação ==

Edição das 16h53min de 28 de dezembro de 2010

Karatê em kanji.
Golpes de Karatê.

Predefinição:Revisão Predefinição:Info/Artes marciais Predefinição:PBPE (Predefinição:Lang-ja, transl. karate ou karate-dō, Predefinição:AFI2)<ref group="Nt">Grafia: "Caraté" ou "caratê" são as formas de grafia correta em língua portuguesa. Todavia, em que pese a vigência do Acordo Ortográfico de 1990, pelo qual as letras K, W e Y passaram a fazer parte do alfabeto, a forma com K deve ser desestimulada, ante o aportuguesamento da grafia, posto que seu uso seja difundido. A variação com acento circunflexo jutifica-se, no Brasil, pela influência da língua francesa, em Portugal, com acento agudo, por recepção directa do japonês, na qual o som da letra final seria aberto.Predefinição:Wikt</ref><ref>Predefinição:Link</ref><ref>Predefinição:Link</ref><ref>Predefinição:Link</ref> é uma arte marcial japonesa que se desenvolveu a partir da arte marcial autóctone de Oquinaua sob forte influência do kenpō chinês<ref name="Higaonna 1985 17">Predefinição:Cite book</ref> (em particular o kung fu da China meridional). Seu repertório técnico abrange principalmente golpes contundentes — atemi waza —, como pontapés, socos, joelhadas, tapas etc., mas técnicas de projeção, imobilização e bloqueios — ne waza, katame waza, uke waza — também são ensinados, com maior ou menor ênfase dependendo do estilo e/ou linhagem.

A evolução da arte marcial aconteceu capitaneada por grandes mestres, que a conduziram e assentaram suas bases, resultando no caratê moderno, cujo trinômio básico de aprendizado repousa em kihon (técnicas básicas), kata (sequência de técnicas, simulando luta com várias aplicações práticas) e kumite (luta, propriamente dita, que pode ser simulada, esportiva ou real).

Ainda que comunguem de similitude técnica de de origem, surgiram vários estilos, escolas e linhagens, dentro umas das outras, que difundem seu modo peculiar de entender o caratê. Tal circunstância, que foi combatida por mestres de renome, acabou por se consolidar e gera como consequência atual a falta de padronização e entendimento entre entidades e praticantes. Daí, posto que aceito mundialmente como esporte, classificado como esporte olímpico<ref name="Olim">Predefinição:Link</ref> e participando dos Jogos Pan-Americanos, não há um sistema unificado de valoração para as competições, ocasionando grande dificuldade para sua aceitação como esporte presente nos Jogos Olímpicos.

O estudioso/praticante do caratê chama-se carateca.


História

Antecedentes

Castelo Shuri.

O arquipélago de Predefinição:Nihongo localiza-se quase que exatamente a meio caminho entre Japão e China, no Mar da China Oriental. Por causa de sua posição georgráfica, que sempre despertou a cupidez dos dois países, estes não pouparam esforços para estenderem suas influências (culturais e econômicas), tornando a existência de um governo local submetida a conveniência externa.

Entre 1322 e 1429, sucedeu um período denominado de Predefinição:Nihongo quando que se debateram os três reinos de Predefinição:Nihongo, Predefinição:Nihongo e Predefinição:Nihongo pelo controle da região. Tal período acabou com a unificação sob a bandeira única do reino de Ryukyu e sob o comando de Chuzan, que era o mais forte economicamente, inaugurando a primeira dinastia Sho: Sho Hashi. A influência chinesa consolidou-se mais forte.

Entrementes, após a unificação, el-Rei Sho Hashi promulgou um édito que tornou proibido o porte de quaisquer armas por parte da população civil. Considera-se este facto o estopim para a evolução que veio a culminar no caratê, um vez que já existia em Oquinaua uma arte marcial própria. Assim, devido à necessidade de as pessoas terem uma forma de defesa e em razão da proibição real, aquelas técnicas foram-se aperfeiçoando nas camadas mais pobres da população.

Fruto também da proibição de armas foi o desenvolvimento do Kobudo, que transformou o uso de objectos do contidiano em armas, como a tonfa e o nunchaku, que erem originalmente instrumentos agrícolas, para manuseio de moínho e debulhagem de arroz<ref>Predefinição:Link</ref>.

Posteriormente, em 1609, o clã samurai de Satsuma, com aprovação do imperador japonês, subjugou Ryukyu. Por ocasião da invasão, os samurais encontraram pouco ou nenhum revide, porque el-Rei declarou que a vida é o mais importante tesouro. Assim, Oquinaua passou a ser um estado tributário de Japão e China, mas, entonces, com predomínio nipônico, que expôs a cultura local e influenciou sobremaneira o desenvolvimento das artes marciais, sob os valores da classe guerreira. Naquele momento, o clã Satusma introduziu sua própria disciplina Jigen-ryu.

Okinawa-te

Em meados do século XVII, a arte marcial de Oquinaua já era estabelecidaPredefinição:Sem fontes, sendo conhecida por Predefinição:Nihongo. Também é referida como Predefinição:Nihongo, quando surge a figura de Matsu Higa, renomado mestre de Te e kobudo e estudioso de Chuan fa, que teria aprendido com mestres chineses. Mas já nesse tempo, a arte marcial já vinha evoluindo em três formas distintas, radicadas nas três cidades que as nomearam, Naha-te, Tomari-te e Shuri-te.

Acredita-se que Sensei Higa tenha sido, dentro de seu estilo próprio, o primeiro a estabelecer um conjunto formal de técnicas e chamá-lo de te. Predefinição:Sem fontes

Destacaram-se mais os estilos de Shuri, por ser a capital, e de Naha, por ser o porto e mais importante entreposto comercial. Entretanto, posto que tivesse menor relevo no cenário da época, por ser mormente uma cidade de trabalhadores, pescadores e campesinos, Tomari, devido a exatamente suas características, desenvolveu o estilo peculiar e muitas vezes erradamente confundido com o estilo de Shuri. Ademais, em que pese cada um das cidades ter seu estilo, elas compartilhavam informações e praticantes<ref name="Yamashita">Predefinição:Link.</ref>.

Na linhagem de Shuri-te, seguiram-se a Sensei Higa, mais ou menos numa linha de instrutor e aprendiz<ref name="Mmaun">Predefinição:Link.</ref>, os mestres Peichin Takahara, Kanga Sakukawa e Sokon Matsumura.

Com mestre Takahara<ref group="Nt">Peichin Takahara era um monge de Oquinaua</ref>, já por influência japonesa, o Te vem a receber os três princípios que culminariam com a transformação da técnica numa disciplina muito maior já na transição do século XIX para o século XX.

Ainda no século XVII, o Te sofria fortes influências desde a China ainda. Mestre Sakukawa, por sugestão de Peichin Takahara, foi aprender com o chinês Kushanku — mestre de Chuan fa — e, depois, diretamente no continente. Tais características não passaram despercebidas e calharam em que a arte marcial passou a se chamar Predefinição:Nihongo<ref group="Nt">A forma de escrita kanji, do japonês, usa dos caracteres chineses. Assim, o caractere 唐, quando escrito em chinês, soa como "Tang", pelo que a palavra To-de também faz referência à Dinastia Tang.</ref>, ou ainda Predefinição:Nihongo e Predefinição:Nihongo<ref name="Bushin">Predefinição:Link</ref>.

Enquanto isso, em Tomari, seu estilo seguia sob os ensinamentos de Karyu Uku e Kishin Teryua, que deixariam por legado a Kosaku Matsumora<ref>Predefinição:Link.</ref> e, em Naha, o te evoluia numa direção diversa, com movimento de extrema contração, golpes de curto alcance e condicionamento do corpo para absorção de golpes<ref>Predefinição:Link.</ref>, tudo conjugado a técnicas de respiração<ref>Predefinição:Link.</ref>: Predefinição:Nihongo. Predefinição:Sem fontes

Sob o ministério de Sokon Matsumura, o to-de passou a ter um treinamento mais formalizado com a compilação de uma série mais ou menos fechada de katas e, principalmente, rompeu-se a barreira das classes socias. Com Matsumura, que fazia parte da elite guerreira e da corte de el-Rei Sho Ko e sucessores, o to-de, praticado mormente pelas classes trabalhadoras, passou a ser uma arte militar reconhecida.

Por essa época, ficaram famosos, e quase lendários, os contos sobre as proezas dos artistas marciais de Oquinaua, como a do mestre de Tomari-te, Kosaku Matsumora, que desarmado derrotou um samurai. Assim, o te era conhecido também por Predefinição:Nihongo ou Predefinição:Nihongo.

Mãos vazias

Arquivo:Itosu Anko.jpg
Anko Itosu

No fim do século XIX, o caratê ainda era marcado de modo forte por quem o ensinava, não havia, posto que houvesse similitudes entre as técnicas, um padrão, o que dificultava sua maior aceitação fora de círculos restritos, porque era praticado e ensinado num rígido esquema de mestre/aluno<ref name="Ogawa">Predefinição:Link</ref>.

Nesse meio tempo, sobreveio a final anexação de Ryukyu, em 1875, tornando-se a "Prefeitura e Oquinaua". E o que poderia ser o fim tornou-se uma oportunidade, pois terminou com o isolamento da população do arquipélago, incorporados de vez à população nipônica. E coube a Anko Itosu, um discípulo de Matsumura e secretário do rei de Oquinaua, usar de sua influência para tentar disseminar a arte marcial.

O mestre via o te não somente como arte marcial mas, principalmente, como uma forma de desenvolver caráter, disciplina e físico das crianças. Aind'assim, o mestre julgava que os métodos utilizados até a época não eram práticos: o te era ensinado basicamente por intermédio do treino repetitivo dos kata. Entonces, Itosu simplificou o treino a unidades fundamentais, os kihons, que são as técnicas compreendidas em si mesmas, um soco, uma esquiva, uma base, e, além, compilou a série de katas Pinan com técnicas mais simples e que passariam a formar o currículo introdutório. A mudança resultou na diminuição, supressão em alguns casos, de táticas de luta, mas reforçou o caráter esportivo, para benefício da saúde: deu-se relevo a postura, mobilidade, flexibilidade, tensão, respiração e relaxamento.

E atribui-se a ele a mudança de denominação para Predefinição:Nihongo, como forma de vencer as barreiras culturais, as resistências para aceitação, pois como algo com origem chinesa não era visto com bons olhos, ademais porque havia tensões latentes entres os dois países.

Em 1900, aconteceu uma grande emigração deste Oquinaua até o Havaí, resultando na primeira mostra do caratê a ocidentais, eis que o Havaí tinha sido anexado pelos EE.UU. havia aproximadamente dois anos.

O caratê tornou-se esporte oficial em 1902. Evento dramático no desenvolvimento do carate que é o ponto em que se aperfeiçoa a transição de arte marcial para discilplina física, deixando ser visto apenas como meio de auto-defesa<ref name="Ogawa"/>.

Como resultado de seu progresso, Anko Itosu crê ser possível exportar o caratê para o resto do Japão e, em começos do século XX, passa a empreender esforços para tanto, mas não consegue lograr sucesso.

Paralelos a esses eventos, outro influente mestre, Kanryo Higashionna, promovia por si outras mudanças. Ele desenvolvia um estilo peculiar que mesclava técnicas suaves, evasivas e defensivas, e rígidas, e tinha como discípulos Chojun Miyagi e Kenwa Mabuni. A exemplo de Itosu, Higashionna consegiu fomentar os valores neles que levaram até as mudanças futuras que tornariam o caratê mais aceitável.

Caminho das mãos vazias

Predefinição:Artigo principal

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Kenwa Mabuni

Os esforços de Itosu, a despeito de não gerarem os efeitos almejados, frutificaram nas mãos de seus alunos. Mestre Kenwa Mabuni, como forma de tributo, sistematizou todos os ensinamentos aprendidos no estilo Shito-ryu, que pretende fundir os estilos Shuri-te e Naha-te e com isso veio a preservar muitas variações de kata. Mestre Choshin Chibana, por seu turno, compilou seu conhecimento no estilo Kobayashi-ryu, pretendendo preservar as exatas formas por ele aprendidas de Matsumura e Itosu<ref>Predefinição:Link</ref>.

Entretanto, coube a Gichin Funakoshi completar do mestre Itosu. Funakoshi, sem olvidar que foi ladeado pelos colegas, logrou êxito em difundir o caratê pelo arquipélago japonês. As técnicas do estilo iniciado por Funakoshi baseiam-se no caratê de Itosu, mas dando mais ênfase ao aspecto formativo da personalidade.

A despeito de vários pedidos para a não exibição de vários mestres que não viam com bons olhos a divulgacão, Funakoshi levou o carate até o sistema público de ensino, com a ajuda de seu mestre Anko Itosu e, em pouco tempo, a arte marcial já fazia parte do currículo escolar como disciplina física/esportiva, dando um impulso extraordinária, com o caratê sendo praticado em vários sítios e sendo bastante apreciado e valorizado localmente.

Entre 1902 e 1915, Sensei Funakoshi viajou com seus melhores alunos por toda Oquinaua realizando demonstrações públicas de caratê e calho de o inspetor de Educação da "nova" prefeitura, Shintaro Ogawa, estava particularmente interessado no processo seletivo para ingresso nas forças armadas, preocupado em obter um bom grupo, composto por jovens de boa índoles (valores) e boa compleição. Ogawa ficou impressionado, que escreveu ao continente dando as novas<ref name="Ogawa"/>.

Sucedeu de o Almirante Rokuro Yashiro assistir a uma daquelas demonstrações, explicadas por Funakoshi, enquanto seus alunos executavam kata, quebravam telhas e faziam outras proezas, que expunham a eficácia do condicionamento físico. O almirante ficou muito impressionado e ordenou que seus homens que iniciassem o treinamento de imediato. Sucedeu também de, em 1912, o comando Almirante Dewa escolher doze de seus homens para treinarem caratê por uma semana, enquanto estivessem ancorados nas imediações. As novas levadas por esses dois oficiais levaram o caratê a ser mais comentado no Japão<ref name="Ogawa"/>.

Calhou de, em 1921, o então príncipe herdeiro e futuro imperador Hirohito assistir a uma dessas demonstrações, pelo que ficou admirado e pediu a feitura de um evento nacional em Tóquio, reazlizado em 1922. O evento foi muito bem sucedido e ocasionou de o mestre Funakoshi ser coberto de convites para apresentar sua arte e um desses convites foi feito por Jigoro Kano, para ser feito no instituto Kodokan.

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Jigoro Kano

Durante o evento, que levantou a plateia, mestre Funakoshi foi convencido a permanecer no Japão e, com a ajuda de Jigoro Kano, de que se tornou amigo íntimo, o caratê foi difundido.

Como muitas das artes marciais praticadas no Japão, o caratê fez a sua transição para o Predefinição:Nihongo. A partícula do significa caminho, palavra que é análoga ao familiar conceito de tao<ref name="Anam">Predefinição:Link.</ref>. Daí que o caratê deixou de ser encarado apenas em seu aspecto técnico, ou jitsu, para ser realçado o filosófico.

Como foi adotado na moderna cultura japonesa, o caratê está imbuído de certos elementos do zen budismo, sendo que a prática do caratê algumas vezes é chamada de "zen em movimento". As aulas frequentemente começam e terminam com curtos períodos de meditação. Também a repetição de movimentos, como a executada no kata, é consistente com a meditação zen pretendendo maximizar o autocontrole, a atenção, a força e velocidade, mesmo em condições adversas. A influência do zen nesta arte marcial depende muito da interpretação de cada instrutor.

Devido aos esforços de Funakoshi o caratê passou a ser ensinado nas universidades de Shoka, Takushoku, Waseda e Faculdade de Medicina.

A modernização e sistematização do caratê no Japão também incluiu a adoção do uniforme branco (quimono ou karategi) e de faixas coloridas indicadoras do estágio alcançado pelo aluno, ambos criados e popularizados por Jigoro Kano, fundador do judô.

As contribuições de Jigoro Kano não se limitam ao uniforme de treinamento e à padronização das graduações, mas vão até a técnicas, que forma compiladas dentro do estilo Shotokan. O conceito de do, ainda que latente há muito, foi de certa forma incorporado segundo suas ideias.

Depois que Funakoshi demonstrou o caratê, outros mestres de Oquinaua seguiram seu exemplo e se foram, no fito de conseguir novos alunos e divulgar ainda mais. Um deaqueles mestres era Kenwa Mabuni, que se fixou em Osaca e, no ano de 1931, criou a Dai-Nihon Karate-do Kai, para dar apoio a seu estilo, que foi registrado, primeiro como Hanko-ryu, e, depois, Shito-ryu.

Entrementes, durante a década de 1930, que a a Associação Japonesa de Artes Marciais, Butoku-kai, reconheceu oficialmente o caratê como arte marcial nipônica e requereu que todas as escolas fizessem registro na entidade<ref>Associação Portuguesa de Karate-Do - Cronologia</ref>, fornecendo os nomes dos estilos.

Em maio de 1949, alguns discípulos de Funakoshi criaram uma associação cujo escopo principal seria a promoção do caratê. O nome dado foi Nihon Karate Kyokai, ou Associação Japonesa de Caratê (Japan Karate Association - JKA, em inglês), e o primeiro presidente foi Saigo Kichinosuke, membro da Câmara Alta do Japão, neto de Saigo Takamori, um dos maiores heróis do Japão Meiji.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o caratê tornou-se popular na Coréia do Sul sob os nomes tangsudo ou kongsudo quando a pratica do taekwondo foi proibida pelos japoneses após sua invasão.

Após a Segunda Guerra Mundial, o mestre Funakoshi com seus alunos conseguiram que o Ministério da Educação classificasse o caratê como educação física e não como arte marcial, tornando possível seu ensin, durante a ocupação do Japão. Depois dos EE.UU. o caratê foi difundido pela Europa e o mundo<ref>Predefinição:Link.</ref>.

Atualidades

Posto que mestre Funakoshi pregasse que o caratê era uma arte marcial única, que as variações nas formas, nos estilos, deviam-se precipuamente às idiossincrasias e que jamais denominou sua linhagem de estilo, ainda durante sua existência e persistindo até os dias atuais, o que sucedeu foi uma proliferação de estilos, escolas e linhagens diferentes.

A grande variedade de estilos e escolas, se por um lado facilita essa disseminação, por outro, causou enormes dissenções e cisões entre entidades e representantes. Muitas vezes, o que motivou a cisão foram disputas políticas e/ou ideológicas.

Depois de criada por discípulos de Funakoshi, a quem aclamaram o como líder, em 10 de abril de 1957, a JKA ganhou a condição de entidade oficial, mas, cerca de duas semanas depois, o grande mestre faleceu com a idade de 89.

Em 19 de junho de 1999, depois de muitos anos e muitos episódios marcados pela discórdia, na 109ª Sessão do Comitê Olímpico Internacional - COI, confirmou-se o reconhecimento da Federação Mundial de Caratê (World Karate Federation - WKF, em inglês) como o ente governativo do caratê mundial, o que significava o também reconhecimento do esporte como esporte candidato a figurar nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, como esporte de demonstração, cuja confirmação dar-se-ia na 111ª Session do Comitê, para o ano seguinte<ref name="Olim"/>.

O COI estabece dois parâmatros para a aceitação de um esporte como olímpico: ser praticado em muitos países (membros) e ser representado por uma entidade mundialmente reconhecida. Aparentemente, o caratê possui esses dois requisitos, porém, nos anos de 2005 e 2009, foi negada a participação<ref>Predefinição:Link</ref>. E, para os jogos de 2012, ainda o caratê não é listado<ref>Predefinição:Link</ref>.

No Brasil

Da mesma forma como sucedeu com outras artes marciais japonesas, o caratê foi introduzido no Brasil com a chegada de imgrantes japoneses no começo do século XX. Pero somente no ano de 1956, o sensei Mitsuke Harada (Shotokan)<ref>Predefinição:Link</ref> instala o primeiro dojô em São Paulo. A esse exemplo seguiram os mestres Juichi Sagara (Shotokan), em 1957; Seichi Akamine (Goju-ryu), em 1958; Koji Takamatsu (Wado-ryu); Takeo Suzuki (Wado-ryu); Michizo Buyo (Wado-ryu); Yoshide Shinzato (Shorin-ryu); Akyo Yokoyama (Kenyu-ryu)<ref>Predefinição:Link</ref>.

Graduação

As Artes Marciais provenientes do Japão e Okinawa, apresentam uma variedade de títulos e classes de graduações. O sistema atual de graduação de faixas coloridas é o mais aceito; antes disso, muitos métodos distintos eram usados para marcar os vários níveis dos praticantes. Alguns sistemas recorriam a três tipos de certificados para seus membros: Shodan ou Shoudan: significando que se havia adquirido o status de principiante. Chudan ou Chuudan: significava a obtenção de um nível médio de prática. Isso significava que o indivíduo estava seriamente comprometido com sua aprendizagem, sua escola e seu mestre. Jodan ou Joudan: a graduação mais alta. Significava o ingresso no Okuden (escola, sistema e tradição secreta das artes marciais). Se o indivíduo permanecia dez anos ou mais junto ao seu mestre , demonstrando interesse e dedicação, recebia o Menkyo, a licença que permitia ensinar. Essa licença podia ter diferentes denominações como: Sensei, Shihan, Hanshi, Renshi, Kyoshi, dependendo de cada sistema em particular. A licença definitiva, que podia legar e outorgar acima do Menkyo, era o certificado Kaiden: além de habilitado a ensinar, implicava que a pessoa havia completado integralmente o aprendizado do sistema. O sistema atual que rege a maioria das artes marciais usando Kyu ("classe") e Dan ("grau") , foi criado por Jigoro Kano, o fundador do Judô. Kano era um educador e conhecia as pessoas, sabendo que são muitos os que necessitam de estímulos imediatamente depois de haver começado a praticar artes marciais. A ansiedade desse tipo de praticante não pode ser saciada por objetivos a longo prazo. A graduação no karatê é importante para indicar o nível de experiência dos praticantes, e é vista como sinal de respeito para os atletas menos graduados. Para demonstrar a graduação, os caratecas usam uma faixa de determinada cor na região da cintura. A ordem das cores das graduações varia de estilo para estilo, mas, como padrão, a faixa iniciante é a de cor branca. Na classificação de faixas coloridas, Kyu significa classe, sendo que essa classificação é em ordem decrescente. Na classificação de faixas pretas, Dan significa grau, sendo a primeira faixa-preta a de 1º Dan, a segunda faixa-preta, 2º Dan, e assim por diante, em ordem crescente, até o 10º Dan. Em um plano simbólico, o branco representa a pureza do principiante, e o preto se refere aos conhecimentos apurados durante anos de treinamento.


Abaixo as cores de graduação por estilo:


Goju-Ryu

  • Branco:9º kyu
  • Amarelo:8ºkyu
  • Laranja:7ºkyu
  • Azul: 6ºkyu
  • Verde: 5ºkyu
  • Roxo: 4ºkyu
  • Marrom: 3ºkyu a 1º kyu
  • Preta 1º Dan a 10º Dan (10º Dan: existe um só no mundo inteiro e constitui a entidade máxima)

Graduaçao utilizada na Federaçao Nacional de Karatê - Brasil

Shotokan

  • Branca (7º Kyu)
  • Azul Claro (dado para crianças menores de 6 anos, o mesmo que amarela )
  • Amarela (6º Kyu)
  • Vermelha (5º Kyu)
  • Laranja(4° Kyu)
  • Verde (3º Kyu)
  • Roxa (2º Kyu)
  • Marrom (1º Kyu)
  • Preta (1º a 10º Dan)

(sendo do 1º ao 3º dans brancos, 4º vermelhos,5º e 6º prata e 7º,8º,9º e 10º dourado)

(4º dans faixa vermelha e preta,5º,6ºe 7º coral sendo vermelho e branco. 8º,9º e 10º faixa branca)


Kenyu-Ryu

  • Branco 6º kyu
  • Amarelo 5º kyu
  • Laranja 4º kyu
  • Verde 3º kyu
  • Roxo 2º kyu
  • Marrom 1º kyu

Preto 1º Dan a 10º dan


Goju-Kai Linhagem de Gogen Yamaguchi (IKGA)

  • Branco 7º kyu
  • Amarelo 6 kyu
  • Laranja 5º kyu
  • Azul 4º kyu
  • Verde 3º kyu
  • Roxa 2º kyu
  • Marrom 1º kyu
  • Preto 1º Dan a 9º dan (o 10º Dan só é legado ao fundador)


Goju-ryu Seigokan

  • Branca (12º Kyu)
  • Branca uma ponta(11° kyu) (para menores de 7 anos)
  • Branca duas pontas (10º Kyu) (para menores de 7 anos)
  • Amarela (9º Kyu)
  • Amarela uma ponta (8º Kyu)
  • Amarela duas pontas (7º Kyu)
  • Verde (6º Kyu)
  • Verde uma ponta(5º Kyu)
  • Verde duas pontas(4º Kyu)
  • Marrom (3º Kyu)
  • Marrom uma pontas(2º Kyu)
  • Marrom duas pontas(1º Kyu)
  • Preta (1º ao 10º Dan)


No Brasil começa-se no 13º kyu e, além de faixa branca, o sistema de pontas é utilizado na seguinte faixa:


  • Cinza (12º kyu)
  • Cinza uma ponta (11º kyu)
  • Cinza duas pontas (10º kyu)

Cada país escolhe a melhor forma de colocar as pontas. No Brasil, utilizam-se pontas pretas, como no Japão; mas, na Europa, as pontas são conforme as cores da próxima faixa (ex.: amarela, com uma ponta verde).


Genseiryu

  • Ao Obi (9° kyu) Blue
  • Ao Obi (8° kyu) Blue
  • Ao Obi (7° kyu) Blue
  • Midori Obi (6° kyu) Green
  • Midori Obi (5° kyu) Green
  • Midori Obi (4° kyu) Green
  • Murasaki Obi (3° kyu)
  • Murasaki obi (2° kyu)
  • Tyaro Obi (1° kiu)
  • Kuro Obi (1° Dan) Black


Toshinkai

  • Branca (10º Kyu)
  • Laranja (9º Kyu) - esta, apenas para menores de 14 anos
  • Amarela/Branca (8º Kyu)
  • Amarela (7º Kyu)
  • Azul/Branca (6º Kyu)
  • Azul (5º Kyu)
  • Verde/Branca (4º Kyu)
  • Verde (3º Kyu)
  • Marrom/Branca (2º Kyu)
  • Marrom (1º Kyu)
  • Preta (1º a 8º Dan)


Taiyokan

  • Branca (10º Kyu) - Faixa exclusiva para crianças
  • Cinza (9º Kyu) - Faixa exclusiva para crianças
  • Azul Clara (8º Kyu) - Faixa exclusiva para crianças
  • Azul Escura (7º Kyu) - Faixa exclusiva para crianças
  • Amarela (6º Kyu)
  • Laranja (5º Kyu)
  • Vermelha (4º Kyu)
  • Verde (3º Kyu)
  • Roxa (2º Kyu)
  • Marrom (1º Kyu)
  • Preta (1º a 10º Dan)


Seiwakai

  • Branco (9 kyu)
  • Azul (8º à 7º Kyu)
  • Amarela (6º à 5º Kyu)
  • Verde (4º à 3º Kyu)
  • Marrom (2º à 1º Kyu)
  • Preta (1º a 10º Dan)


Kyokushin

  • Branca (10° kyu)
  • Laranja (9° kyu)
  • Azul (8° a 7° kyu)
  • Amarela (6° a 5° kyu)
  • Verde (4° a 3° kyu)
  • Marrom (2° a 1° kyu)
  • Preta (1° a 9° Dan)
  • Faixa Branca 7º Kyu (Iniciante) Faixa Amarela 6º Kyu Faixa Vermelha 5º Kyu Faixa Laranja 4º Kyu Faixa Verde 3º Kyu * Faixa Roxa

2º Kyu Faixa Marrom 1º Kyu

Faixa Preta 1º DAN

Shorin-Ryu

  • Branca (7º Kyu)
  • Vermelha (graduação intermediária, em desuso, concedida para crianças de até 9 anos)
  • Amarela (6º Kyu)
  • Laranja (5º Kyu)
  • Azul (4º Kyu)
  • Verde (3º Kyu)
  • Roxa (2º Kyu)
  • Marrom (1º Kyu)
  • Preta (1º a 6º Dan)
  • Vermelha e Branca (7º e 8° Dan)
  • Vermelha (9º e 10º Dan)

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